Por motivo de manutenção dos servidores da UEPB, os números anteriores do Boletim estão temporariamente inacessíveis.
Este é o blog da Sociedade Paraibana de Arqueologia. Contato: sparqueologia@gmail.com

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A-Deus, o último perrepista: Nivalson Miranda

Homenagem ao professor Nivalson Miranda, por José Flávio Silva (*)
A memória viva de mil novecentos e trinta encerra-se com a ida de Nivalson Miranda cujo falecimento ocorreu na manhã do sábado, 17/08, no Hospital Memorial São Francisco. Não disponho de detalhes sobre os dias passados naquele nosocômio.
Nascido em 1927, na capital do Estado da Parahyba, então Parahyba do Norte, estava com três anos quando o presidente João Pessoa foi assassinado pelo advogado João Dantas na confeitaria “A Gloria”, no dia 26 de julho de 1930.
O Partido Republicano Paulista (PRP) elegera naquele ano o paulista Júlio Prestes para presidente da República do Brasil. O partido tinha adeptos na Parahyba, cognominados de “perrepistas”. Esses partidários faziam oposição ao presidente João Pessoa.
Com a morte do presidente João Pessoa, os perrepistas foram perseguidos. Em entrevista ao jornalista do jornal O Norte, Henrique França, em 5/8/2006, Nivalson Miranda diz o seguinte: “… de um dos primeiros dias de agosto de 1930 quando um   caminhão do Exército da Parahyba estaciona em frente à casa do comerciante Antônio Bandeira de Miranda. Apressados, os soldados fazem subir ao veículo os três filhos, a esposa e a sogra do comerciante, que seriam apanhados logo mais, no 22° BC, onde estava preso. Junto a outras famílias, o grupo viajou durante a madrugada até chegar a Recife, onde foi deixado ao relento. Entre os expatriados estava o menino Nivalson Miranda, de apenas três anos. `As crianças iam soltas dentro do caminhão, as mães tentando segurar, chorando. Minha família foi deixada em uma das calçadas da avenida João de Barro, na Encruzilhada.
Ficamos todos ali, escorados em uma parede, debaixo de uma chuva grosa. Aquilo eu não esqueço nunca`, relembra o historiador e heraldista.”
“O tiro recebido por João Pessoa disparou a caça aos chamados perrepistas.`Os presos foram libertados das cadeias com uma condição: que iam ser apontadas as casas dos perrés e eles tinham direito ao saque, ao estupro e à queima de tudo o que tivesse nessa casa. Não sofremos maior violência porque minha mãe era da família Fernandes.”  
Retornando à Parahyba, quando cessou a onda de perseguição, Nivalson Miranda dedicou-se ao estudo galgando o diploma de químico industrial. Ao mesmo tempo tinha como hobby o desenho de bico de pena com foco na História da Parahyba e, de além mar, trouxe a inquietação da Heráldica.
Henrique França, no mesmo jornal, na edição do dia 15/10/2009, esclarece: “entre as exposições realizadas destacam-se a Mostra de Heráldica Gentílica Brasileira e Heráldica Cívica; Heráldica Eclesiástica dos bispos e arcebispos Paraíbanos, Sertão Histórico e Hans Staden.
É o criador do brasão do Brasão de Armas do 15° Batalhão de Infantaria de João Pessoa e das Armas de vários municípios. É autor do livro “Areia e seu entorno”…”
Nivalson Miranda foi o colega que contagiava por suas histórias e estórias no ambiente frequentado por professores da UFPB, ADUFPB. Nunca o presenciamos triste. Enérgico, transmitia luz e esperança a todos nós com maestria e sabedoria. Inquieto, sempre estava com uma pasta a tiracolo recheados de projetos para desenvolvê-los no instrumento companheiro de luta, o bico de pena. Aí sim, expandia-se em criatividade metafísica.
Do amigo José Flávio
______________________
(*) José Flávio Silva, professor da UFPB, aposentado.
Fonte: Portal da ADUFPB.

0 comentários:

Leia por assuntos

Boletim da SPA eventos evento Arqueologia Pedra do Ingá IHGP História Patrimônio Vandalismo Lançamento Paleontologia Rev. Tarairiú Campina Grande Centro Histórico João Pessoa Revista Eletrônica Arte IHGC Juvandi Tarairiú Cariri Carlos Azevedo Homenagem Livro Museu Arqueologia Histórica Artigo Diário da Borborema Arquivo Espeleologia História da Paraíba IPHAEP Inscrições Rupestres LABAP MHN UEPB Nivalson Miranda Pesquisas Thomas Bruno Vanderley Arte Rupestre Encontro da SPA Evolução Exposição Fósseis Itacoatiaras Patrimônio Histórico Soledade São João do Cariri UEPB Achado Arqueológico E-book Falecimento IPHAN Missões Palestra Piauí Projetos Queimadas Raul Córdula SBE Semana de Humanidades Serra de Bodopitá UFCG Vale dos Dinossauros Acervo Antropologia Arqueologia Experimental Barra de Santana Boqueirão Brejo Cabaceiras Capitania da Paraíba Cartilha Clerot Cordel Descaso Escavação Estudos Evolutivos FCJA Forte Ingá Itatuba Lagoa Salgada Memórias Natal Niède Guidon Patrimônio Arqueológico Pesquisador Serra da Capivara Serras da Paraíba São João do Tigre UBE-PB USP Uruguai Walter Neves África ALANE ANPAP APA das Onças Amazônia Amélia Couto Antônio Mariano Apodi Araripe Areia Arqueologia Industrial Arqueologia Pública Aula de campo Aziz Ab'Saber Bacia do Prata Belo Monte Biografia Brasil CNPq Camalaú Caraúbas Carta circular Casino Eldorado Cavidade Natural Ceará Cemitério Comadre Florzinha Concurso Cozinhar Cuité Curimataú Curso Curta-metragem Datação Dennis Mota Descoberta Dom Pedro I Dossiê Educação Ambiental Educação Patrimonial Elpídio de Almeida Emancipação política Espaço Cultural Esponja Exumação Falésia do Cabo Branco Fazendas de gado Feira de Campina Grande Fonte Histórica Forte Velho Funai Fórum Permanente Ciência e Cultura Gargaú Geografia Geologia Geopark Guerra dos Bárbaros Guilherme História Viva Hominídeo IHCG IHGRN IPHAN-RN Ipuarana Jesuítas Jornal da Ciência José Octávio Juandi Juciene Apolinário Laboratório Lagoa Pleistocênica Lagoa de Pedra Lajedo de Soledade Linduarte Noronha Litoral Luto MAC Mato Grosso Matéria de TV Memórias do Olhar Mostra Museu Itinerante Ocupação humana Olivedos PROPESQ Paleo Paraíba Pará Pe. Luiz Santiago Pedro Nunes Pernambuco Pilões Pleistoceno Pocinhos Ponto de Cultura Projeto Catálogo Pré-História Pré-História submersa Quilombola Reivindicação Reportagem Revista Rio Paraíba SAB SBP SBPC Santa Luzia Sebo Cultural Seminário Semiárido Seridó Serra Branca Serra Velha Serra da Raposa Serra das Flechas Sertão Sessão Especial Sobrado Sumé São Mamede São Thomé do Sucurú Sócios TAAS Teleférico Terra Tome Ciência Técnicas Cartográficas UEPB Campus III Uol pelo Brasil Zonas arqueológicas caiabis mundurucu usina Índia Índios âmbar

Visitas desde SET 08

Translate

Estatísticas do google 2011

  © Arqueologia da Paraiba

Back to TOP