A importância das técnicas cartográficas no processo de reconhecimento de possíveis sítios arqueológicos
Já com relação ao uso de algumas ferramentas cartográficas, como mapas e fotografias aéreas com o intuito de, por exemplo, localizar possíveis sítios arqueológicos no Brasil, o processo pode ser considerado até certo ponto recente. Atribui-se ao alemão Curt Nimuendaju, que percorreu o Brasil nas primeiras décadas do século XX, visitando e anotando além dos costumes, a cultura material, troncos lingüísticos, etc., a localização de mais de mil e quinhentas aldeias indígenas, sendo que, alguns dos povos mencionados por ele no seu excelente trabalho (talvez o principal de sua vida), denominado de Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendaju, já estavam extintos quando do início de suas pesquisas.
O mapa Etno-Histórico acabou por se tornar uma referência constante para os estudiosos da etnologia e etnografia dos inúmeros grupos indígenas que habitaram o território brasileiro. É bom salientar que Curt conseguiu a grande façanha de confeccionar três versões diferentes de seu mapa: a primeira em 1942, para o Smithsonian Institution, um dos financiadores de suas pesquisas; o segundo mapa para o museu Goeldi, em 1943; e, o terceiro, para o Museu Nacional, em 1944.
No período
Só em 1922 é que o Clube de Engenharia publicou as folhas da Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo. E, foi a American Geographic Society que publicou as folhas do mapa ao milionésimo da América Espanhola e Portuguesa na década de 1930 e início da década de 1940, em escala um pouco menor do que a utilizada por Curt em seu trabalho: 1: 2.500.000; até então só existia o mapa de Privat 1: 4.000.000 de 1939, que lhe serviu de base.
Mas foi com o extraordinário desenvolvimento da cartografia na Segunda Guerram Mundial que tudo melhorou. É certo que o mapa de Curt, apesar de seus equívocos, haja vista a própria deficiência da época, não pode e não deve ser desprezado. Ao contrário, ainda hoje é consultado por antropólogos, etnólogos, historiadores e principalmente arqueólogos.
A Segunda Guerra Mundial proporcionou uma verdadeira revolução nas técnicas cartográficas, só vistas então, na época das grandes navegações, entre os séculos XIV e XVII (IBGE, 1999). Uma dessas novas ferramentas, a fotografia aérea, passou, inicialmente a ser utilizada em larga escala no campo militar, o que acabou beneficiando, também, países poucos desenvolvidos e dificies de serem mapeados, devido as suas diversas formas de relevo, como o Brasil. Em 1942 e anos subseqüentes,
A partir daí, os mapas passaram a apresentar uma excelente base planimétrica da área territorial brasileira, beneficiando não só a cartógrafos e geógrafos, mas também historiadores, arqueólogos, etc., que passaram a fazer uso, em largar escala, dessa nova / velha ferramenta de trabalho.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da Cartografia não parou. Pelo contrário, tem-se um novo “BOOM” neste campo científico, em especial com o lançamento dos primeiros satélites na década de 1950, que objetiva-se um mapeamento e reconhecimento mais eficiente do planeta: vivenciávamos a Guerra Fria. Agora, como antes, conhecer os pormenores do terreno ainda era uma questão de geoestratégia e, portanto, de poder. Aparecem as famosas cartas de radar elaboradas a partir de imagens obtidas pelos satélites. Essa nova tecnologia vai proporcionar uma varredura excelente do território, pormenorizando detalhes, facilitando, entre outras coisas, a localização de sítios arqueológicos.
Hoje, com novos aparelhos, a exemplo do GPS, é inconcebível que o arqueólogo ao ir para campo prospectar sítios arqueológicos, dispense o uso desse aparelho ou de cartas de radar, pois, essas ferramentas facilitam, inclusive, as localizações de espigões, matacões, rios e riachos, serras, vales, planícies, etc., locais estes possíveis de terem abrigados grupos humanos em tempos passados. Tais locais identificados (prospectados) são facilmente registrados nos mapas que servirão para as gerações presentes e futuras, como excelentes fontes de pesquisas e localização geográfica.
Enfim, ciências (ou disciplinas), como a Arqueologia apresentam, atualmente, uma grande dependência cartográfica e suas tecnologias, o que só lhe confere quão interdisciplinar é a arqueologia e, o quanto é importante o uso de ferramentas cartográficas e o intercâmbio com especialistas dessa ciência para o bom andamento dos estudos arqueológicos.
Assim, ver-se que nas últimas décadas, graças ao excelente e rápido desenvolvimento de novos aparelhos, a cartografia, o Sensoriamento Remoto, etc., contribui significativamente para ampliar os achados arqueo-paleontológico, e, por conseguinte, ampliar os estudos e conhecimentos sobre o processo de estruturação das espécies que habitaram e ainda habita o nosso planeta, em especial o homem. São essas novas descobertas que nos tem proporcionado um passo gigantesco para a humanidade, que é o de se desvendar, talvez, a sua maior indagação, qual sega: Quem somos nós?
Referências
* Juvandí é Mestre em Meio Ambiente (UFPB), Mestrando em Arqueologia (UFPE) e Doutorando em História com concentração em Arqueologia (PUC-RS) / Professor da UEPB Campus III (Guarabira)
0 comentários:
Postar um comentário