Por motivo de manutenção dos servidores da UEPB, os números anteriores do Boletim estão temporariamente inacessíveis.
Este é o blog da Sociedade Paraibana de Arqueologia. Contato: sparqueologia@gmail.com

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sob sigilo, Dom Pedro I e suas duas mulheres são exumados pela primeira vez


Restos mortais de Dom Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, e de duas imperatrizes foram exumados para estudos; corpos estavam no Parque da Independência, na zona sul de SP, desde 1972

Portal Estadão.com.br
Pela primeira vez em quase 180 anos, os restos mortais de Dom Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, foram exumados para estudos. Também foram abertas as urnas funerárias das duas mulheres de Dom Pedro I: as imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia. Os corpos estavam no Parque da Independência, na zona sul da capital paulista, desde 1972.  

Os exames - realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012 pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, com o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) - revelam fatos desconhecidos sobre a família imperial brasileira, agora comprovados pela ciência, e compõem um retrato jamais visto dos personagens históricos.

Agora se sabe que o imperador tinha quatro costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de seus pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36 anos, em 1834. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), ambos no Rio, em 1823 e em 1829.

Ao realizar o inventário do caixão de Dom Pedro, nova surpresa: não havia nenhuma comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas em seu esqueleto. O primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português, vestido com botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com formato da coroa do país ibérico. A única referência ao período em que governou o Brasil está na tampa de chumbo de um de seus caixões (ele estava dentro de três urnas), na qual foi gravado "Primeiro Imperador do Brasil" ao lado de "Rei de Portugal e Algarves".

Ao longo de três madrugadas, os restos mortais da família imperial brasileira foram transportados da cripta imperial, no Parque da Independência, à Faculdade de Medicina da USP, na Avenida Doutor Arnaldo, em Cerqueira César, onde passaram por sessões de até cinco horas de tomografias e ressonância magnética. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do País foi utilizado para pesquisas em personagens históricos - na prática, Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia foram transformados em ilustres "pacientes", com fichas cadastrais, equipe médica própria e direito a bateria de exames.

No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal.

O estudo também desmente a versão histórica - já próxima da categoria de "lenda" - de que a primeira mulher, Dona Leopoldina, teria caído ou sido derrubada por Dom Pedro de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista, então residência da família real. Segundo a versão, propalada por historiadores como Paulo Setúbal, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos da imperatriz.

"Unimos as ciências humanas, exatas e biomédicas com o objetivo de enriquecer a História do Brasil. A cripta imperial foi transformada em laboratório de especialidades, com profissionais usando os equipamentos mais modernos em prol da pesquisa histórica", disse a pesquisadora, que defendeu hoje pela manhã sua dissertação de Mestrado na USP, após três anos trabalhando sob sigilo acadêmico. "O material coletado será útil para que as pesquisas continuem em diversas áreas ao longo dos próximos anos."

A reportagem do Estado de São Paulo acompanha os estudos de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e arqueóloga conseguiu autorização dos descendentes da família imperial para exumar os restos mortais dos personagens históricos. Veja neste especial todos os detalhes de um estudo que reescreve detalhes da história do Brasil - confirmando algumas informações, desmentindo outras e adicionando novas verdades.

Fonte: JC e-mail 4667, de 19 de Fevereiro de 2013

0 comentários:

Leia por assuntos

Boletim da SPA eventos evento Arqueologia Pedra do Ingá IHGP História Patrimônio Vandalismo Lançamento Paleontologia Rev. Tarairiú Campina Grande Centro Histórico João Pessoa Revista Eletrônica Arte IHGC Juvandi Tarairiú Cariri Carlos Azevedo Homenagem Livro Museu Arqueologia Histórica Artigo Diário da Borborema Arquivo Espeleologia História da Paraíba IPHAEP Inscrições Rupestres LABAP MHN UEPB Nivalson Miranda Pesquisas Thomas Bruno Vanderley Arte Rupestre Encontro da SPA Evolução Exposição Fósseis Itacoatiaras Patrimônio Histórico Soledade São João do Cariri UEPB Achado Arqueológico E-book Falecimento IPHAN Missões Palestra Piauí Projetos Queimadas Raul Córdula SBE Semana de Humanidades Serra de Bodopitá UFCG Vale dos Dinossauros Acervo Antropologia Arqueologia Experimental Barra de Santana Boqueirão Brejo Cabaceiras Capitania da Paraíba Cartilha Clerot Cordel Descaso Escavação Estudos Evolutivos FCJA Forte Ingá Itatuba Lagoa Salgada Memórias Natal Niède Guidon Patrimônio Arqueológico Pesquisador Serra da Capivara Serras da Paraíba São João do Tigre UBE-PB USP Uruguai Walter Neves África ALANE ANPAP APA das Onças Amazônia Amélia Couto Antônio Mariano Apodi Araripe Areia Arqueologia Industrial Arqueologia Pública Aula de campo Aziz Ab'Saber Bacia do Prata Belo Monte Biografia Brasil CNPq Camalaú Caraúbas Carta circular Casino Eldorado Cavidade Natural Ceará Cemitério Comadre Florzinha Concurso Cozinhar Cuité Curimataú Curso Curta-metragem Datação Dennis Mota Descoberta Dom Pedro I Dossiê Educação Ambiental Educação Patrimonial Elpídio de Almeida Emancipação política Espaço Cultural Esponja Exumação Falésia do Cabo Branco Fazendas de gado Feira de Campina Grande Fonte Histórica Forte Velho Funai Fórum Permanente Ciência e Cultura Gargaú Geografia Geologia Geopark Guerra dos Bárbaros Guilherme História Viva Hominídeo IHCG IHGRN IPHAN-RN Ipuarana Jesuítas Jornal da Ciência José Octávio Juandi Juciene Apolinário Laboratório Lagoa Pleistocênica Lagoa de Pedra Lajedo de Soledade Linduarte Noronha Litoral Luto MAC Mato Grosso Matéria de TV Memórias do Olhar Mostra Museu Itinerante Ocupação humana Olivedos PROPESQ Paleo Paraíba Pará Pe. Luiz Santiago Pedro Nunes Pernambuco Pilões Pleistoceno Pocinhos Ponto de Cultura Projeto Catálogo Pré-História Pré-História submersa Quilombola Reivindicação Reportagem Revista Rio Paraíba SAB SBP SBPC Santa Luzia Sebo Cultural Seminário Semiárido Seridó Serra Branca Serra Velha Serra da Raposa Serra das Flechas Sertão Sessão Especial Sobrado Sumé São Mamede São Thomé do Sucurú Sócios TAAS Teleférico Terra Tome Ciência Técnicas Cartográficas UEPB Campus III Uol pelo Brasil Zonas arqueológicas caiabis mundurucu usina Índia Índios âmbar

Visitas desde SET 08

Translate

Estatísticas do google 2011

  © Arqueologia da Paraiba

Back to TOP