Livros de inscrições rupestres na Paraíba
Dentre as muitas variedades de registros testemunhos referentes às extintas culturas que habitaram nosso território em nebulosos tempos longínquos, as inscrições rupestres, sobretudo, são aquelas que mais intrigam e fertilizam a imaginação do pesquisador e do homem do campo. No Brasil são profusas, o paleontólogo Josué Camargo Mendes, da Universidade de São Paulo, afirma que elas existem em quase todos os estados da Federação.
Para a arqueóloga do Museu Nacional/UFRJ Maria da Conceição Beltrão, com base em figuras zoomorfas que classificou com animais extintos do Pleistoceno e conjunções astronômicas em pinturas no município de Central, na Bahia, as inscrições rupestres do Nordeste devem anteceder no mínimo 18.000 anos.
Compondo complexos painéis gráficos nos rochedos, os registros rupestres são testemunhos incontestáveis do elevado grau de abstração e espiritualidade de nossos ancestrais nativos. Certamente são registros muito anteriores aos indígenas encontrados pelos europeus. Segundo Estevão Pinto, o botânico Karl Friedrich von Martius e o indigenista Theodor Koch Grünberg assinalaram em seus estudos que os selvagens nativos com quem se relacionaram tinham grande temor e respeito pelas inscrições rupestres. Nas lendas da criação difundidas no período da colonização espanhola, os indígenas peruanos diziam que o deus Kon Tiki foi quem desenhou nas pedras os seres e as coisas que desejava criar. Registra-se também que o pesquisador alemão Roberto Schomburgk encontrou inscrições em 1749, nas margens do Rupunuri, e tentou desprender um pedaço da rocha que continha desenhos, contudo, a pedra era muito dura e a febre o tinha debilitado, por isso pediu aos índios para ajudar, mas estes, nem mesmo com súplicas ou promessas se propuseram a dar sequer uma martelada na pedra, pois respeitavam estes monumentos por considerarem legado de seus antepassados.
Todavia, um fato nos leva a supor que estes sinais presentes nas inscrições rupestres não havia se perdido por completo até à colonização do continente, embora tenha resistido hermético apenas entre sacerdotes ermitões. Nossa conjetura baseia-se no primeiro volume da História do Brasil, escrita entre 1806 e 1810 pelo inglês Robert Southey. Com base em documentos inéditos de jesuítas, Southey relata que na Paraíba, na época das lutas para expulsão dos franceses de nossa costa, em 1583, viera uma casta de profetas selvagens do interior com intento de converter os índios potiguara, ou pitiguara2, sujeitos aos portugueses, ou com eles aliados, num círculo religioso estranho. Ao som de grandes cabaços ocos, exerciam a prática de provocar convulsões tragando o suco de uma planta deletéria e, segundo afirmaram os jesuítas, da casca de certa árvore faziam livros como que encadernados em tabuinhas de madeira delgada escritos em caracteres desconhecidos. “Umas escrituras que o diabo lhes ensinara”.
Para escrever sua História do Brasil, Southey utilizou-se de manuscritos, entre correspondências diplomáticas, relatórios e informes inéditas de vários autores de obras sobre o Brasil, a exemplo de Thomas Lindley, John Mawe, Lames Henderson, John Luccock e Henry Koster, entre outros, com quem se correspondia. Passou um ano em Lisboa ocupado em consultar documentação do Brasil colônia nos arquivos lisboetas, chegando inclusive a levar um rico documentário para a Inglaterra às vésperas da invasão francesa. Segundo consta, Southey era possuidor, na Inglaterra, da melhor e mais preciosa coleção de livros e documentos originais sobre Portugal e América do Sul. Natural que tivesse dados inéditos e surpreendentes.
O acontecido em terras paraibanas narrados por Southey, consequentemente, terminou em rebelião e na captura e morte dos feiticeiros e convertidos. Segundo relata, o líder religioso foi preso e cortaram-lhe a língua, “instrumento com que havia iludido os índios”, e depois o estrangularam. Sem dúvidas os supostos livros devem ter sido destruídos também. Seriam estes caracteres estranhos e ininteligíveis os mesmos espalhados nas inúmeras itacoatiaras?
Para a arqueóloga do Museu Nacional/UFRJ Maria da Conceição Beltrão, com base em figuras zoomorfas que classificou com animais extintos do Pleistoceno e conjunções astronômicas em pinturas no município de Central, na Bahia, as inscrições rupestres do Nordeste devem anteceder no mínimo 18.000 anos.
Compondo complexos painéis gráficos nos rochedos, os registros rupestres são testemunhos incontestáveis do elevado grau de abstração e espiritualidade de nossos ancestrais nativos. Certamente são registros muito anteriores aos indígenas encontrados pelos europeus. Segundo Estevão Pinto, o botânico Karl Friedrich von Martius e o indigenista Theodor Koch Grünberg assinalaram em seus estudos que os selvagens nativos com quem se relacionaram tinham grande temor e respeito pelas inscrições rupestres. Nas lendas da criação difundidas no período da colonização espanhola, os indígenas peruanos diziam que o deus Kon Tiki foi quem desenhou nas pedras os seres e as coisas que desejava criar. Registra-se também que o pesquisador alemão Roberto Schomburgk encontrou inscrições em 1749, nas margens do Rupunuri, e tentou desprender um pedaço da rocha que continha desenhos, contudo, a pedra era muito dura e a febre o tinha debilitado, por isso pediu aos índios para ajudar, mas estes, nem mesmo com súplicas ou promessas se propuseram a dar sequer uma martelada na pedra, pois respeitavam estes monumentos por considerarem legado de seus antepassados.
Todavia, um fato nos leva a supor que estes sinais presentes nas inscrições rupestres não havia se perdido por completo até à colonização do continente, embora tenha resistido hermético apenas entre sacerdotes ermitões. Nossa conjetura baseia-se no primeiro volume da História do Brasil, escrita entre 1806 e 1810 pelo inglês Robert Southey. Com base em documentos inéditos de jesuítas, Southey relata que na Paraíba, na época das lutas para expulsão dos franceses de nossa costa, em 1583, viera uma casta de profetas selvagens do interior com intento de converter os índios potiguara, ou pitiguara2, sujeitos aos portugueses, ou com eles aliados, num círculo religioso estranho. Ao som de grandes cabaços ocos, exerciam a prática de provocar convulsões tragando o suco de uma planta deletéria e, segundo afirmaram os jesuítas, da casca de certa árvore faziam livros como que encadernados em tabuinhas de madeira delgada escritos em caracteres desconhecidos. “Umas escrituras que o diabo lhes ensinara”.
Para escrever sua História do Brasil, Southey utilizou-se de manuscritos, entre correspondências diplomáticas, relatórios e informes inéditas de vários autores de obras sobre o Brasil, a exemplo de Thomas Lindley, John Mawe, Lames Henderson, John Luccock e Henry Koster, entre outros, com quem se correspondia. Passou um ano em Lisboa ocupado em consultar documentação do Brasil colônia nos arquivos lisboetas, chegando inclusive a levar um rico documentário para a Inglaterra às vésperas da invasão francesa. Segundo consta, Southey era possuidor, na Inglaterra, da melhor e mais preciosa coleção de livros e documentos originais sobre Portugal e América do Sul. Natural que tivesse dados inéditos e surpreendentes.
O acontecido em terras paraibanas narrados por Southey, consequentemente, terminou em rebelião e na captura e morte dos feiticeiros e convertidos. Segundo relata, o líder religioso foi preso e cortaram-lhe a língua, “instrumento com que havia iludido os índios”, e depois o estrangularam. Sem dúvidas os supostos livros devem ter sido destruídos também. Seriam estes caracteres estranhos e ininteligíveis os mesmos espalhados nas inúmeras itacoatiaras?
É de conhecimento geral que entre os Astecas também se registra livros semelhantes que Hernán Cortez destruiu na conquista do México. Isso sem falar nas tabuinhas da Ilha de Páscoa que também foram queimadas pelos jesuítas.
O processo de aculturação empreendido pelo europeu entre os indígenas - “pelo horror à heresia” como diria Luís da Câmara Cascudo - foi muito violento e extremamente preconceituoso. Não admira que forçosamente tenha apagado por completo qualquer memória entre os nativos sobre estas inscrições.
No litoral paraibano ainda existem aldeias de remanescentes dos potiguara, no entanto, há muito estão completamente aculturados e a memória destes supostos livros pré-históricos, consequentemente, também esvaiu na impiedosa enxurrada colonizadora.
Referências:
BELTRÃO, Maria da Conceição. Projeto Central: novos dados. Revista de Arqueologia, v.8, 1. São Paulo: Sociedade de Arqueologia Brasileira. 1994.
BRITO, Vanderley de. A Pedra do Ingá: itacoatiaras na Paraíba. João Pessoa: JRC Editora. 2007.
MENDES, Josué Camargo. Conheça a pré-história brasileira. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo/ Ed. Polígano. 1970.
PINTO, Estevão. Os indígenas no Nordeste. S. Paulo: Companhia Ed. Nacional, 1935.
SOUTHEY, Robert. História do Brasil. 4a Edição brasileira, vol. 1. Tradução: Dr. Luís Joaquim de Oliveira e Castro. São Paulo: Melhoramentos; Brasília: INL. 1977.
Notas:
2- Pitiguara; traduz “senhores dos vales”. Segundo o romancista José de Alencar, em sua clássica obra “Iracema”, era assim que estes indígenas chamavam a si mesmos, mas os tabajara, seus inimigos, por escárnio os apelidavam potiguara, que quer dizer “comedores de camarão”.
4 comentários:
Senhor Vanderley de Brito
Tomei ciencia do seu interesse em relação à arqueologia no nosso estado, e por isso quero ser o mais sucicinto e compreensível na descrição do momumento arqueólogo lítico presente na comunidade rural de Caxeiro do município paraibano de Juarez Távora. Trata-se de um rochedo largo, sem, porém, ter altura superior a 2 metros, onde estão lavrados na rocha símbolos diversos, que parecem ser parte de um alfabeto bastante rudimentar. Tais estão dispostas em linhas horizontais, como de um texto bastante longo, ocupando todos os 6 metros da rocha. Figuram nesta vários "w", "x", "y" e outras figuras que parecer-me-iam de difíceis descrição (alguns "j" com ondulações na parte superior, triângulos diversos e vários "x" circunscritos em esferas quase perfeitas) além de muitos outros símbolos pitorescos, que são impossíveis de descrever. A rocha onde estãoos descritos, fora rachada exatamente no meio por um grupo de populares, devido à crença de se tratar de uma botija recheada de ouro e prata. Peço que o senhor, na condição de presidente da SPA, que seja mandada
uma comição arqueológica, para avaliar tais, já que a àrea circundante a este é extremamente rica em sítios arqueológicos menores, além de vários outros vestígios, como ossadas ressequidas e partes de ferramentas Líticas
Tal comissão não encontrará dificuldades em achar o descrito acima - basta dirigir-se à comunidade do caxeiro, onde será imformado sobre a localização desta.
Senhor Vanderley de Brito
Tomei ciencia do seu interesse em relação à arqueologia no nosso estado, e por isso quero ser o mais sucicinto e compreensível na descrição do momumento arqueólogo lítico presente na comunidade rural de Caxeiro do município paraibano de Juarez Távora. Trata-se de um rochedo largo, sem, porém, ter altura superior a 2 metros, onde estão lavrados na rocha símbolos diversos, que parecem ser parte de um alfabeto bastante rudimentar. Tais estão dispostas em linhas horizontais, como de um texto bastante longo, ocupando todos os 6 metros da rocha. Figuram nesta vários "w", "x", "y" e outras figuras que parecer-me-iam de difíceis descrição (alguns "j" com ondulações na parte superior, triângulos diversos e vários "x" circunscritos em esferas quase perfeitas) além de muitos outros símbolos pitorescos, que são impossíveis de descrever. A rocha onde estãoos descritos, fora rachada exatamente no meio por um grupo de populares, devido à crença de se tratar de uma botija recheada de ouro e prata. Peço que o senhor, na condição de presidente da SPA, que seja mandada
uma comição arqueológica, para avaliar tais, já que a àrea circundante a este é extremamente rica em sítios arqueológicos menores, além de vários outros vestígios, como ossadas ressequidas e partes de ferramentas Líticas
Tal comissão não encontrará dificuldades em achar o descrito acima - basta dirigir-se à comunidade do caxeiro, onde será imformado sobre a localização desta.
Olá,
Gostaria de saber o endereço da SPA. Nasci em Nova Palmeira-PB, onde há desenhos rupestres que correm o risco de depredação, quando não de destruição mesmo, já que não há pesquisa nem registros dele por órgãos como o IPHAN.
Fico grata se der atenção a este pedido.
oi vanderley gostei muito do sus livros por favor será que vc pode me dar ooutro novo livro. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Juliana Brito
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