A Guerra dos Bárbaros: A eliminação dos índios no Cariri
Pe. João Jorge Rietveld*
Para muitos de nós, a palavra guerra é uma palavra que dá medo, uma palavra que ninguém gosta de pronunciar, mas no mesmo instante uma palavra que faz agente dizer aliviado “Graças a Deus, nunca houve guerra aqui”.
Infelizmente isso não é verdade. O que acontece, é que nós gostamos de esquecer as coisas ruins do passado e, por isso, não sabemos que estas terras nossas foram pisadas por guerreiros que se banharam no sangue de inúmeros inocentes. Foi a agressão do homem branco, que veio de Portugal, contra a população original do Brasil, os índios. Para eles, o fato de serem descobertos, constituiu uma tragédia de grandes proporções.
A cobiça e a avidez dos brancos não respeitava nada: tudo o que tinha valor era alvo dos seus interesses, até as próprias terras. Aqui começou o que nós chamamos hoje a “luta pela terra”. E aqui, devemos procurar os motivos pela má distribuição das terras e do latifúndio. Os índios não podiam aceitar este roubo e tantas violações dos seus direitos mais elementares. Eles começaram a se defender. O período mais forte da sua resistência na nossa região se chama “a guerra dos bárbaros”. “Bárbaros” é o nome que os brancos deram aos seus adversários, os índios. Esta guerra durou de 1650 até 1720, começando depois da expulsão dos Holandeses, quando os portugueses iniciaram a sua conquista do interior do país. O início da guerra foi a favor dos índios que conheciam muito melhor a região. algumas tribos (os Jundhuys) até tinham se aliado aos Holandeses para expulsar os Portugueses. Estes também tinham dificuldades em se organizarem. Isso mudou com a vinda do famoso bandeirante Domingos Jorge Velho em1687, o homem que tinha acabado com o Quilombo dos Palmares, o reduto de resistência dos escravos foragidos, com este homem começaram as mais horríveis crueldades: violações, matança de mulheres e crianças, mentiras, traições, torturas, etc. foi uma verdadeira chacina, executada com tanta eficiência que, no final desta guerra, quase não sobrou mais nenhum índio.
Todos eram contra os índios? Graças a deus, nem todos. Uma boa parte dos missionários da igreja tentou proteger os índios contra os ataques vergonhosos. Por isso fundaram “missões” ou “aldeias”, lugares onde eles podiam viver em liberdade mais no regime da Igreja. Assim, os padres Oratorianos criaram em 1654 uma missão na atual Vila de Cimbres entre os índios Sucurus. Os jesuítas criaram uma missão entre os índios Cariri em 1700, em São João do Cariri. Os capuchinhos franceses tinham missões entre os Cariris em Boqueirão como no rio São Francisco desde 1671. e os jesuítas tinham uma fazenda em Fagundes, de 1634 até 1670, onde moravam índios também. É difícil julgar que muitos dos seus representantes se opuseram às intenções de Portugal com relação aos índios. Na medida que os brancos conseguiram acabar com os índios, as tensões no meio deles aumentaram, transformando a guerra dos bárbaros numa guerra dos brancos. Nesta guerra, os missionários se opuseram aos bandeirantes, latifundiários aos moradores, os vaqueiros aos plantadores. Esta guerra continua fazendo vítimas até hoje.
* Teólogo, sócio da SPA.
Para muitos de nós, a palavra guerra é uma palavra que dá medo, uma palavra que ninguém gosta de pronunciar, mas no mesmo instante uma palavra que faz agente dizer aliviado “Graças a Deus, nunca houve guerra aqui”.
Infelizmente isso não é verdade. O que acontece, é que nós gostamos de esquecer as coisas ruins do passado e, por isso, não sabemos que estas terras nossas foram pisadas por guerreiros que se banharam no sangue de inúmeros inocentes. Foi a agressão do homem branco, que veio de Portugal, contra a população original do Brasil, os índios. Para eles, o fato de serem descobertos, constituiu uma tragédia de grandes proporções.
A cobiça e a avidez dos brancos não respeitava nada: tudo o que tinha valor era alvo dos seus interesses, até as próprias terras. Aqui começou o que nós chamamos hoje a “luta pela terra”. E aqui, devemos procurar os motivos pela má distribuição das terras e do latifúndio. Os índios não podiam aceitar este roubo e tantas violações dos seus direitos mais elementares. Eles começaram a se defender. O período mais forte da sua resistência na nossa região se chama “a guerra dos bárbaros”. “Bárbaros” é o nome que os brancos deram aos seus adversários, os índios. Esta guerra durou de 1650 até 1720, começando depois da expulsão dos Holandeses, quando os portugueses iniciaram a sua conquista do interior do país. O início da guerra foi a favor dos índios que conheciam muito melhor a região. algumas tribos (os Jundhuys) até tinham se aliado aos Holandeses para expulsar os Portugueses. Estes também tinham dificuldades em se organizarem. Isso mudou com a vinda do famoso bandeirante Domingos Jorge Velho em1687, o homem que tinha acabado com o Quilombo dos Palmares, o reduto de resistência dos escravos foragidos, com este homem começaram as mais horríveis crueldades: violações, matança de mulheres e crianças, mentiras, traições, torturas, etc. foi uma verdadeira chacina, executada com tanta eficiência que, no final desta guerra, quase não sobrou mais nenhum índio.
Todos eram contra os índios? Graças a deus, nem todos. Uma boa parte dos missionários da igreja tentou proteger os índios contra os ataques vergonhosos. Por isso fundaram “missões” ou “aldeias”, lugares onde eles podiam viver em liberdade mais no regime da Igreja. Assim, os padres Oratorianos criaram em 1654 uma missão na atual Vila de Cimbres entre os índios Sucurus. Os jesuítas criaram uma missão entre os índios Cariri em 1700, em São João do Cariri. Os capuchinhos franceses tinham missões entre os Cariris em Boqueirão como no rio São Francisco desde 1671. e os jesuítas tinham uma fazenda em Fagundes, de 1634 até 1670, onde moravam índios também. É difícil julgar que muitos dos seus representantes se opuseram às intenções de Portugal com relação aos índios. Na medida que os brancos conseguiram acabar com os índios, as tensões no meio deles aumentaram, transformando a guerra dos bárbaros numa guerra dos brancos. Nesta guerra, os missionários se opuseram aos bandeirantes, latifundiários aos moradores, os vaqueiros aos plantadores. Esta guerra continua fazendo vítimas até hoje.
* Teólogo, sócio da SPA.
3 comentários:
parabenizo pela materia muito vai me servir para minhas pesquisas
É oportuno dizer que, segundo outras fontes, mesmo vivendo sob a tutela dos missionários, estes também exploraram os nativos brasileiros. Discordo em parte deste techo do Sr João Jorge: Por isso fundaram “missões” ou “aldeias”, lugares onde eles podiam viver em liberdade mais no regime da Igreja.
A nosssa História é feita de lutas,ambições e tantos outros adjetivos bons e ruins da vida do ser humano.Dentre essas histórias há os que exploram a vida de muitos que não tem voz nem vez.Mas, todos ficam nessa História
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