SPA registra vandalismo na Pedra do Ingá
A Pedra do Ingá, que é um dos sítios arqueológicos mais célebres do mundo, foi recentemente alvo de vandalismo. Uma equipe da Sociedade Paraibana de Arqueologia, composta pelos pesquisadores Vanderley de Brito, Thomas Bruno Oliveira e Dennis Mota, no dia primeiro do mês de dezembro de 2008, esteve verificando uma denúncia anônima que recebera sobre o ocorrido neste sítio arqueológico.
Segundo a entidade civil, a ação danosa é composta de sete intervenções, todas no painel principal da Pedra, onde está o maior conjunto de petróglifos. Destas, duas são finos riscos no interior de gravuras (danificando o polimento), três são intervenções a golpes ferindo a Pedra (um dos quais chegando a subtrair partes de uma saliência rochosa como que o objetivo fosse desfalcar uma camada) e outras duas são compostas de riscos angulares (raspados) ao lado de gravuras.
A estrutura de apoio da Pedra do Ingá está sob a responsabilidade informal do aposentado Renato Alves da Silva e sua esposa, comerciantes que há vinte anos administram um bar-restaurante no prédio existente próximo à Pedra com inscrições milenares. Nos primeiros meses de 2008, o prefeito de Ingá, Sr. Antônio de Miranda Burity, destacou dois seguranças diurnos para o sítio arqueológico com objetivo de fiscalizar as visitações e impedir o banho e o consumo de bebidas alcoólicas nas adjacências do monumento arqueológico. No entanto, em meados de novembro do mesmo ano a prefeitura suspendeu esta segurança por motivos de contenção de gastos. Coincidência ou não, o ato depredatório ocorrera exatamente neste período em que a Pedra estaria sem este aparato preventivo, pois na última visita de estudiosos da SPA à Pedra, ocorrida em vinte de novembro do corrente, não se observou estas marcas de vandalismo.
Antes da instalação do casal de comerciantes e da conscientização turística promovida por Burity a partir de sua primeira gestão municipal, a Pedra já havia sofrido muitas intervenções vandálicas e a fachada do monumento era repleta de ranhuras, registrando nomes próprios, datas e juras de amor. Todavia, estas intervenções vândalas, por serem fricções superficiais, foram facilmente removidas em 1996, durante uma limpeza com escova de nylon sobre a superfície do monumento feita no intento de retirar os microorganismos da pedra para o meticuloso processo de moldagem das gravuras que fora executada naquela oportunidade. Depois desta limpeza, e um trabalho de conscientização realizado na década de 90 pela prefeitura de Ingá, através da historiadora Mali Trevas, junto à sociedade ingaense, até então, não mais se havia registrado atos de desrespeito ao monumento arqueológico. Portanto, há mais de vinte anos que não se verificava vandalismo na Pedra do Ingá, mesmo sem a presença preventiva de um vigilante oficial.
O casal de comerciantes se mantém na Pedra diariamente até por volta das 16h, quando se encerra as visitações, ficando a mesma à revelia no período noturno e é possível que a ação vandálica tenha ocorrido neste turno em que a Pedra se encontra desguarnecida, embora também possa ter ocorrido durante o dia, já que o casal se mantém mais frequentemente em suas instalações de comércio e o acesso à Pedra pode ser feito clandestinamente através do riacho ou das propriedades circunvizinhas. É comum se ver gado transitando livre na área tombada das inscrições e pessoas apanhando peixes encurralados entre as pedras do riacho.
Na oportunidade da visita da equipe da Sociedade Paraibana de Arqueologia ao local, se realizou fotografias registrando em detalhes os danos da depredação e o vice-presidente da entidade, professor Juvandi de Souza Santos, já protocolou junto ao Ministério Público uma denúncia do fato, para que medidas urgentes de salvaguarda sejam procedidas em favor deste importante testemunho cultural pré-histórico.
No dia 05 de dezembro do corrente, pesquisadores da SPA estiveram na Pedra do Ingá com uma equipe jornalística da TV Paraíba para registrar uma matéria do ocorrido, que foi vinculada no dia seguinte durante o programa jornalístico da emissora (JPB 2a Edição).
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