Linduarte Noronha e a paleontologia paraibana

Carlos Alberto Azevedo

Antropólogo, Sócios da SPA.

Linduarte Noronha – Rafael Tabosa

Uma faceta pouco conhecida do cineasta Linduarte Noronha é o seu lado preservacionista. Quando esteve na presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – Iphaep, de 1974 a 1991, lutou pela preservação dos bens culturais do nosso estado. Teve um papel importante na defesa do Vale dos Dinossauros.

Nas minhas pesquisas realizadas nos arquivos do Iphaep encontrei vários documentos que comprovam o intercâmbio científico entre Noronha e Giuseppe Leonardi.

Leonardi é natural de Veneza, padre, geólogo e paleontólogo. Desde 1974, vem realizando estudos paleontológicos na bacia do Rio do Peixe-PB, contando com o apoio do CNPq. De suas pesquisas resultou Dez novas pistas de dinossauros na bacia do Rio do Peixe, publicado nas Actas do Congresso Latinoamericano de Paleontologia, em Buenos Aires.

Ainda nos anos 1970, o professor Leonardi implantou o Parque Nacional Vale dos Dinossauros, visando recuperar as áreas de pesquisas e efetuar novas escavações. Segundo o próprio Leonardi, “o Vale dos Dinossauros é uma das áreas de estudos paleontológicos mais importantes do mundo, cuja preservação trará novas luzes a pesquisa científica, além de contribuir para o desenvolvimento da atividade do ecoturismo naquela região da Paraíba”.

Em 1976, através de ofício (151/76), Noronha se dirigiu ao paleontólogo Leonardi que, então, estava no Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná e solicitou-lhe informações acerca das pegadas de dinossauros, em Sousa.

Isso prova o interesse de Linduarte Noronha pelo maior sítio paleontológico da América Latina: o Vale dos Dinossauros.

Como presidente do Iphaep, Noronha se preocupava, entre outras coisas, com a preservação do acervo paleontológico da Paraíba. É tanto que, nessa mesma época, quando foram encontrados fósseis em Cacimba de Dentro, logo recorreu a um paleontólogo da Universidade Federal de Pernambuco, para que ele opinasse sobre os restos de mamíferos do Quartenário, descobertos naquele município do Brejo.

Linduarte Noronha foi responsável pela proteção dos jazigos paleontológicos que estavam sob a jurisdição do Iphaep – numa época em que ainda não se valorizava o patrimônio fossilífero. Hoje, o patrimônio paleontológico é de propriedade da União, pertence ao povo brasileiro.