Índios cobram cumprimento de condicionantes de Belo Monte
As
reivindicações foram apresentadas por cerca de 30 lideranças indígenas
das duas etnias que se reuniram na tarde de terça-feira com
representantes do governo
O governo estabeleceu novo prazo em acordo com índios da etnia
Parakanã para retirada de invasores da Terra Indígena Apyterewa, no
Pará. Segundo a presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria
Augusta Assirati, a previsão é que o trabalho ocorra em abril de 2014.
Com relação ao acesso de índios Juruna ao reservatório da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, ficou definida uma reunião para o início de
outubro para resolver a questão.
Essas foram algumas reivindicações apresentadas por cerca de 30
lideranças indígenas das duas etnias que se reuniram na tarde de ontem
(17) com representantes do governo e do Consórcio Norte Energia para
cobrar o cumprimento das condicionantes das obras das Usina Hidrelétrica
de Belo Monte no Pará.
O encontro foi agendado após os índios terem fechado, na madrugada de
segunda-feira (16), a entrada do canteiro de obras do Sítio Pimental,
um dos três canteiros de obras da usina, sob a alegação de que o
consórcio não vem cumprindo as condicionantes para minimizar os impactos
do empreendimento. Ao final, foi assinado um documento em que o governo
e a Norte Energia se comprometeram a encaminhar as pendências.
Os índios Parakanã cobraram a continuação do processo de
identificação e retirada dos posseiros e não indígenas da Terra Indígena
Apyterewa. A desintrusão foi iniciada em 2011, com a retirada e
identificação de 140 ocupações não indígenas, mas não foi concluída. Os
índios denunciam, também, que estão acontecendo novos processos de
invasão.
A promessa da Funai é de que não haverá mais atrasos. "Já colocamos
nossa previsão de início dessadesintrusão em abril do próximo ano, com o
uso das forças policiais para os ocupantes da área indígena que não
desocuparem a área de boa-fé", disse Maria Augusta.
Já os juruna pediram agilidade na ampliação e demarcação física da
Terra Indígena Paquiçamba, uma das mais afetas pelas obras de construção
da usina, além da garantia de acesso ao reservatório de Belo Monte. A
presidenta da Funai disse que, em relação Paquiçamba, a Funai vai
encaminhar ao Ministério da Justiça em outubro o pedido de ampliação da
terra indígena.
Maria Augusta disse ainda que vai ser reunir com o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) para analisar
as alternativas de acesso ao reservatório da usina e que a Norte Energia
deverá dar uma resposta no início de outubro para o problema.
"Será feita uma reunião de governo na próxima semana para avaliar as
soluções de trafegabilidade e, por volta do dia 7 de outubro, haverá uma
reunião na região [da usina] para que a Norte Energia apresente as
soluções possíveis", informou. Os índios cobram da empresa a construção
de uma ponte para facilitar o acesso ao reservatório de Belo Monte.
Os índios saíram confiantes de que as reivindicações serão atendidas.
"Assinaram o compromisso de que vão estudar a área de qual seria o
melhor acesso ao lago da empresa. Eles vão discutir também com relação a
ponte, mas ainda não sabe se vai ser feita ou não", disse a liderança
indígena Giliardi Juruna.
A diretora de relações institucionais da Norte Energia, Clarice
Coppetti, disse que a empresa vai avaliar a questão do acesso dos índios
ao reservatório e apresentar a resposta para o Ibama. "Não há uma
decisão aqui, nesse momento. O que temos será levado ao órgão
licenciador, que é o Ibama", disse.
(Luciano Nascimento - Agência Brasil)
Disponível no Jornal da Ciência 4876
0 comentários:
Postar um comentário