Comadre Florzinha: um romance na serra das Flechas
LITERATURA DE CORDEL
O mais recente trabalho do historiador Vanderley de Brito
Um homem da cidade perambulando no campo é sempre suspeito, principalmente se não levar em punho uma espingarda ou qualquer outro aparato da prática extrativista. Assim se apresenta o herói da trama, um pesquisador de arqueologia por sobre a selvagem Serra das Flechas, no interior do município de Pedra Lavrada.
Enquanto o pesquisador dorme calmamente em sua rede de campana, uma filha da mata, de olhos luzentes, crescidos de assombro, e fiel a todos seus instintos, fita curiosa o mistério, que nenhum anterior pode determinar-lhe um processo de comparação assimiladora. É uma imagem nova na noite selvagem, inédita nas reminiscências mentais da duende Comadre Florzinha, que se apresenta como sedução irresistível para um processo dedutivo de assimilação.
A selvagem, ao vê-lo acordar, questiona enciumada sobre suas intenções em sua floresta. E assim, se desenrola um instigante romance entre estas criaturas, tão distantes e ao mesmo tempo tão próximas, nas brenhas da caatinga paraibana.
Estamos falando do mais recente cordel do historiador Vanderley de Brito: “Comadre Florzinha: um romance na serra das Flechas”, um folheto, de 133 versos poéticos, que é uma adaptação romântica para decantar este mito sertanejo do interior paraibano, um cordel que, além de divertir, educar e resgatar uma tradição, como é característico de gênero literário, também provoca emoções e desperta desejos.
Na visão deste historiador, a Comadre Florzinha, além de ser uma defensora ferrenha do ecossistema semi-árido, é também uma fêmea, e como tal, sujeita a um amor fulminante e aos desejos e palpitações que o sexo desperta. Acostumada a surrar cães e seres humanos brutos e transgressores das leis da mata, ela encontra no pesquisador um homem compreensivo e cúmplice no desejo de manter a integridade dos animais e da flora silvestre. Daí, enquanto o estudioso se mantém em sua catalogação científica, eles se encontram diariamente, nas noites frias da caatinga, para demoradas conversas sobre o meio-ambiente, suas belezas, mistérios e, principalmente, sobre a forma que o processo contínuo e avassalador de degradação ambiental está em processo. Esta afinidade ideológica acaba por se desfechar numa paixão proibida entre a entidade mística e o homem da ciência.
O texto poético vai se tornando mais saboroso quando se iniciam os preâmbulos da conquista, aperitivos de uma necessidade de excitação á junção conubial que é, imagino, inevitável entre este casal nos esmos da mata odorífica do sertão.

O autor também afirma que não está descaracterizando a Caipora, pois, segundo suas perspectivas, a Comadre Florzinha só é vista como uma assombração zombeteira e cruel pelos homens rurais, pois são estes os principais interessados em subtrair da floresta a lenha e a caça e, naturalmente, estes são também os que sofrem os rigores da ira da duende. “Se olharmos por outro prisma, a Comadre Florzinha é uma defensora das matas, uma ecologista ativa. Portanto, uma entidade do bem”.
Para adquirir o exemplar, contactar o autor: vanderleydebrito@gmail.com
Imagens: capa do cordel e desenho de seu interior
1 comentários:
Parabens Vanderley pelo seu trabalho, gostei da história. são lenada que ficam marcadas para sempre, e devemos passar para os nossos filhos e netos, não podemos deixar apacar a historia do nosso povo.
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